Dia 15 de Novembro de 2008, a Umbanda comemora 100 anos. Mas como isso tudo começou?
Temos como marco a incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes.
Abaixo coloco trechos importantes de uma entrevista realizada em 1972 com o Zélio aos seus 82 anos de idade por Lília Ribeiro, Lucy e Creuza publicada na revista Gira de Umbanda ano 1, N.1.
Mesmo que você não seja umbandista, acredito ser importante entender para poder respeitar.
"- Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos. Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. Isso a foi a 14 de novembro de 1908. Eu tinha 18 anos.
No dia 15, amanheci bom. Meus pais eram católicos, mas, diante dessa cura inexplicável, resolveram levar-me à Federação Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José de Souza. Foi ele mesmo quem me chamou para que ocupasse um lugar à mesa de trabalhos, à sua direita. Senti-me deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores. E causei logo um pequeno tumulto. Sem saber porque em dado momento, eu disse:
- Falta uma flor nesta mesa; vou buscá-la.
E, apesar da advertência de que não me poderia afastar, levantei-me, fui ao jardim e voltei com uma flor que coloquei no centro da mesa. Serenado o ambiente e iniciados os trabalhos, verifiquei que os espíritos que se apresentavam ao videntes como índios e pretos, eram convidados a se afastar. Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez e perguntei porque não se podiam manifestar esses espíritos que, embora de aspecto humilde, eram trabalhadores.
Estabeleceu-se um debate e um dos videntes, tomando a palavra, indagou:
- O irmão é um padre jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?
Respondi sem querer:
- Amanhã estarei em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Minha família ficou apavorada.
No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30. Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus trabalhos.
Como primeira prova de sua presença, através do passe, curou um paralítico, entregando a conclusão da cura ao Preto Velho, Pai Antonio, que nesse mesmo dia se apresentou.
Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem."
Trecho extraído do Jornal de Umbanda Sagrada, Outubro de 2008.
"Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade."
Caboclo das Sete Encruzilhadas
Um comentário:
Já li sobre o assunto várias vezes e não me canso...Zélio Fernandino de Moraes,homem abençoado!Queria estar lá naquele dia e presenciar todo acontecimento.A Umbanda nasceu ali,graças a Deus!!!Lindo acontecimento...Ah!E o blog também.Forte abraço,Jussara.
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